terça-feira, 17 de abril de 2018

Afinal, quem entende de sala de aula?


Hoje foi preciso fazer uma pausa nas análises da minha dissertação de mestrado para refletir sobre outro problema da educação – como se tivéssemos poucos – que é a invasão da profissionalidade. Isso mesmo, você não leu errado estamos passando por um momento crítico em relação à invasão da profissionalidade docente.
Parte da culpa disso está no advento das redes sociais, que fazem as pessoas crerem que podem opinar nos mais obscuros e laboriosos assuntos como os especialistas, mesmo sem entendê –los. Porém, a origem desse mal é na verdade a falta das noções ética e intelectual.
Muitos erros têm invadido as salas de aula, porque muita gente acha que entende do assunto. Assim como o Brasil está cheio de pessoas que se acham teólogos, só por que leram alguns livros sobre teologia; cheio de médicos, só por que testaram o chá da vovó, por que não cheio de professores também, já que, de certa forma, a maioria das pessoas já estiveram alguns anos dentro de uma escola?
Pelo Brasil ter 44% de uma população que não lê, é fácil esquecer da importância da formação profissional. Quem realmente entende de ensino é o professor, não cabe outro argumento. É o professor que passou anos numa universidade se graduando naquela área, depois disso se especializou nela por meio de mais cursos, livros, foi aprovado em concurso público etc. Não são os leigos que devem ser ouvidos nesse assunto e, quando digo leigo, refiro-me também aos que se consideram profissionais da educação, mas se assentam nas cadeiras acolchoadas de salas silenciosas. Da mesma forma que um professor, por exemplo, de Literaturas, embora em alguns momentos tenha aulas muito históricas, não tem a mínima condição de avaliar os métodos usados pelo professor de História, por não ter formação nesta micro área, destarte aqueles que sequer entendem dela e estão longe da realidade de uma sala de aula do século XXI.
É por isso que, também, não analisamos bem as escolhas que fazemos de nossas próprias autoridades, que entre seus infinitos erros decidem, por exemplo, que para ocupar o cargo de professor, basta um notório saber. Essa é automedicação do ensino! No entanto, se conhecimento é poder, é claro que aqueles que tiram vantagens pessoais do exercício do poder, jamais vão trabalhar a favor da educação e permitir que a população acesse o conhecimento. Vão fazer diferente: colocar no mesmo pé de igualdade a voz do professor e daqueles que só tomaram o chá da vovó. Salve o terceiro mundo!